A Coleção

24 - Waldir Azevedo

24 - Waldir Azevedo

Informações Técnicas:

  • Dimensões: 14,4 x 12,9 cm
  • Páginas: 64 páginas
  • Capa: dura e revestida em papel couchê
  • CD: 14 faixas por CD

Veja o repertório:

  1. BRASILEIRINHO - Waldir Azevedo (1967)
  2. CHORINHO ANTIGO - Waldir Azevedo (1967)
  3. LAMENTOS - Waldir Azevedo (1967)
  4. PEDACINHO DO CÉU - Waldir Azevedo (1967)
  5. ATREVIDO - Waldir Azevedo (1967)
  6. DELICADO - Waldir Azevedo (1967)
  7. ARRASTA-PÉ - Waldir Azevedo (1967)
  8. CINEMA MUDO - Epoca de ouro e Dino 7 Cordas (1987)
  9. MINHAS MÃOS, MEU CAVAQUINHO - Waldir Azevedo (1976)
  10. VE SE GOSTAS - Henrique Cazes e Rafael Rabello (1987)
  11. QUITANDINHA - Henrique Cazes e Rildo Hora (1990)
  12. MÁGOAS DE CAVAQUINHO - Henrique cazes e Chiquinho do Acordeom (1990)
  13. CHORO NOVO EM DÓ - Henrique Cazes (1990)
  14. NAQUELE TEMPO - Waldir Azevedo (1968)

Com Waldir Azevedo o cavaquinho deixou o papel de coadjuvante para ganhar a importância de um instrumento de solo. Nascido em 27 de janeiro de 1923, no bairro da Piedade, subúrbio do Rio de Janeiro, seu gosto pela música data ainda da infância, quando se interessou pelos sons da flauta de um vizinho. Nessa mesma época conheceu de perto a atuação de Aristides Júlio de Oliveira, mais conhecido como "Moleque Diabo", que tocava, como poucos, violão, banjo, bandolim e cavaquinho.

O multi-instrumentista serviu de inspiração para que procurasse aprender a tocar flauta transversa, bandolim, violão e cavaquinho. Neste último encontrou seu talento, quando tinha 19 anos. Antes já havia participado ao violão de conjuntos regionais tocando em rádios. Em 1942, com o choro "Cambucá", de Pascoal de Barros, ganhou concursos de calouros nas rádios Cruzeiro do Sul e Guanabara.

A profissionalização como cavaquinista se deu em 1943 quando substituiu Gumercindo Silva (Gugu) no Conjunto Regional de César Moreno, na rádio Mayrink Veiga. Dois anos depois casou com Olinda Barboza Azevedo, com quem teve duas filhas e, logo em seguida, passou no teste para integrar o Regional de Dilermando Reis, que substituía o grupo de Benedito Lacerda na Rádio Clube do Brasil, para acompanhar as apresentações de cantores famosos. O cantor Cyro Monteiro apelidou Waldir de "Guri do Cavaco".

Nessa mesma época, fez sua primeira composição: "Brasileirinho". Um primo de sua esposa chamado Deoclécio, então com cinco anos, pediu a Waldir que tocasse cavaquinho pra ele. O problema é que o garoto só tinha um instrumento de brinquedo e com uma corda só. O jeito foi improvisar, o que resultou na primeira parte da música, tocada em apenas uma corda. Dias depois, foi obrigado por Dilermando Reis a fazer um solo de cavaquinho na rádio, de surpresa. Lembrou dos acordes que havia tocado para o sobrinho e executou "Brasileirinho", arrancando aplausos do público. Esse foi o pontapé para a consolidação nacional do compositor.

João de Barro, o Braguinha, diretor artístico da Gravadora Continental, ao ouvir os solos de Waldir, o convidou para gravar um disco, em 1949, com "Brasileirinho" e "Carioquinha", este último também de sua autoria. O disco fez tanto sucesso, que os ganhos trazidos para Waldir permitiram que ele deixasse o emprego de quase 10 anos na Light para se dedicar inteiramente à música. Pereira da Costa criou uma letra para a primeira composição de Waldir, que logo ganhou as vozes de Ademilde Fonseca e Carmen Miranda.

No ano seguinte, depois de gravar mais dois discos com as músicas de sua autoria "Cinco Malucos", "O que É que Há", "Quintandinha" e "Vai por Mim", compôs e gravou o baião "Delicado" em seu quarto disco. O sucesso foi tamanho que chegou a vender 500 mil cópias no Brasil, tendo sido gravado por músicos estrangeiros como Percy Faith e Ray Coniff.

Em 1951, mais um sucesso de vendas se deu com a gravação de "Pedacinhos do Céu". Nos anos seguintes Waldir criou e gravou "Camundongo", "Vai Levando", "Queira-me Bem", "Amigos do Samba", entre outras. Até que em 1964 perdeu uma das filhas, o que lhe tirou o gosto de compor.

Com a morte da filha, a produção musical reduziu. Em 1970, se aposentou da Rádio Clube e deixou o Rio em 1971, fixando residência na nova Capital do país, Brasília. Lá, teve o dedo anelar decepado por um cortador de grama, o que o afastou da música por alguns anos. Depois de cirurgias de reimplante e fisioterapia conseguiu voltar a tocar em 1976 e gravou o disco "Minhas Mãos, Meu Cavaquinho", uma homenageou a artista plástica Cléa Maria Novelino.

Em 1977, compôs "Flor do Cerrado" inspirado em Brasília. Chegou a ser homenageado ainda em vida, em 1979, pelos seus 30 anos de carreira, com uma roda de choro que contou com os artistas Carlos Poyares, César Faria, Raphael Rabelo, Ademilde Fonseca, Isaías e Seus Chorões, Copinha, Paulinho da Viola, Arthur Moreira Lima, Braguinha, Celso Machado e Paulo Moura. O encontro foi gravado em disco no mesmo ano. Em 1980, em meio aos preparativos para a gravação de um novo disco, um aneurisma na aorta tirou a vida do compositor.

Contexto histórico

Waldir Azevedo se destaca entre os músicos que dedicaram sua carreira ao resgate de gêneros musicais que ameaçavam cair no esquecimento, como foi seu contemporâneo Jacob do Bandolim. Quando gravou "Brasileirinho", em 1949, o samba em seus mais variados estilos ainda reinava absoluto no rádio e nas gravações de discos. Obras suas no estilo choro fizeram o ritmo brasileiro ganhar projeção nacional e internacional.

Sua carreira perpassou diferentes momentos da história recente do país. Ele assistiu o samba tradicional carioca dar lugar à bossa nova. Esteve presente na retomada do poder por Getúlio Vargas, no início da década de 50, e presenciou um segundo momento de valorização da cultura nacional. Ele mesmo participou da Caravana da Música Brasileira, que tinha o objetivo de divulgar os ritmos brasileiros no exterior e passou até pelo Oriente Médio.

Nos anos 60, em meio à pressão do regime militar, reduziu a produção musical, segundo seu biógrafo, por motivos familiares (após a morte da filha). No entanto, permaneceu focado na valorização do choro, um dos precursores da MPB. Formou a primeira geração de migrantes que habitaram a recém-construída Brasília. Lá foi nome importante na divulgação do ritmo.

Em suas cerca de 140 composições, em alguns momentos chegou a ser criticado por receber influências estrangeiras, variando seu repertório para se alinhar ao gosto internacional. Os mais conservadores não o consideram um "chorão" puro. Ao morrer, em 1980, Waldir Azevedo só não conseguiu participar da redemocratização do país, que tanto divulgou por meio de sua música.

Curiosidade

Sonho de ser piloto

Antes de decidir fazer carreira na música, Waldir Azevedo acalentava o sonho de ser piloto de avião. Chegou a fazer o teste para seguir carreira na aviação, na época de responsabilidade do Exército. Foi reprovado no exame medico por causa de um "sopro" no coração, que, segundo ele, era resultado dos exercícios físicos que fazia sem nenhum acompanhamento..

Face samba-canção

Waldir chegou a compor sambas-canção no estilo dor-de-cotovelo. As primeiras ele só mostrava para a esposa. Uma delas, "Hoje, Amanhã e Depois", composta em parceria com Risadinha do Pandeiro foi gravada pelo cantor Déo, em 1949. Coincidência ou não, depois dessa gravação, o intérpretes saiu das paradas de sucesso na época, o que provocou em Waldir a superstição de não mais ceder suas letras para ninguém.

Composição referência

O choro "Brasileirinho" já foi utilizado em campanha política; comerciais de TV para creme dental, refrigerante e motocicleta; e em campanha publicitária da Petrobras. Deu nome a uma cor de esmalte para unhas, da mesma forma que "Delicado". Mais recentemente, "Brasileirinho" foi a trilha executada pela ginasta brasileira Daiane dos Santos em competições.

Disco póstumo

Antes de morrer, em 1980, estava preparando o lançamento de seu novo disco. Perfeccionista como era, gravou uma fita com instruções para a produção em São Paulo. Quase tudo estava pronto para a gravação em duas semanas. Começou a se sentir mal e foi internado no hospital Beneficência Portuguesa, em São Paulo. A gravação do disco foi feita pelo cavaquinista Roberto Barbosa, o Canhotinho, que o próprio Waldir já havia eleito como um de seus sucessores. Algumas falas de Waldir gravadas na fita

Sucesso internacional

As músicas de Waldir Azevedo fizeram muito sucesso na Argentina, o que o levou a participar de um filme naquele país, além de se apresentar em rádios e casas de show. Fez turnês também pelo Uruguai e Venezuela, onde tocou na inauguração de uma TV. Quando viajou para o Oriente Médio, teve uma surpresa que nunca mais esqueceu. Ao abrir uma caixa de música em pleno deserto palestino, escutou "Delicado".