A Coleção

10 - Luiz Gonzaga

10 - Luiz Gonzaga

Informações Técnicas:

  • Dimensões: 14,4 x 12,9 cm
  • Páginas: 64 páginas
  • Capa: dura e revestida em papel couchê
  • CD: 14 faixas por CD

Veja o repertório:

  1. BAIÃO - Luiz Gonzaga (1949)
  2. ASA BRANCA - Luiz Gonzaga (1947)
  3. SABIÁ - Clara Nunes (1971)
  4. XOTE DAS MENINAS - Luiz Gonzaga (1953)
  5. VOZES DA SECA - Luiz Gonzaga e Fagner (1987)
  6. QUI NEM JILÓ - Simone (1974)
  7. A VIDA DO VIAJANTE - Luiz Gonzaga e Gonzaguinha (1979)
  8. DANADO DE BOM - Elba Ramalho (2002)
  9. NUMA SALA DE REBOCO - Dominguinhos e Luiz Gonzaga (1985)
  10. PARAÍBA - Luiz Gonzaga (1950)
  11. RESPEITA JANUÁRIO - Luiz Gonzaga (1950)
  12. ABC DO SERTÃO - Luiz Gonzaga e Fagner (1987)
  13. JUAZEIRO - Luiz Gonzaga (1949)
  14. A VOLTA DA ASA BRANCA - Luiz Gonzaga (1950)

"Eu vou mostrar pra vocês como se dança o baião, e se quiser aprender, favor prestar atenção." Todos prestaram. Mesmo com sua voz de "taboca rachada", como muitos definiam no início de sua carreira, Luiz Gonzaga levou a música nordestina para o gosto popular na década de 40.

Nascido em Exu, no sertão de Pernambuco em 1912, o sanfoneiro saiu fugido de sua terra natal por não ter conseguido a mão de uma moça por quem tinha se apaixonado.

Disposto a sair de casa, vende por 80 mil réis sua sanfona e parte para Fortaleza. Lá, se alista no exército e passa a percorrer diversas cidades brasileiras. Quando chega ao Rio de Janeiro, em 1939, já com baixa do serviço militar, Luiz Gonzaga começa a investir em sua carreira participando de diversos programas de calouros.

Escondendo suas raízes, apresenta-se tocando apenas valsas e tangos. Até que um dia, em uma casa noturna no Mangue, alguns estudantes nordestinos pedem para que ele toque algo que lhes toquem o coração, alguma música que relembre a vida que tinham no Nordeste. É aí que "Pé de Serra" e "Vira e mexe" conquista não só os estudantes, como também nota máxima no programa de calouros Ary Barroso.

Mais conhecido dentro da cena musical, Gonzaga passa a gravar diversos discos pela RCA Victor, todos instrumentais. Com o convite para substituir Antenor Silva no programa "Alma do Sertão", Luiz Gonzaga é contratado pela Rádio Clube Brasil. Apesar de já ter boa parte de seu talento reconhecido, Gonzaga insistia para que sua voz fosse colocada em suas melodias. A estreia acontece somente em 1945, com disco o disco "Dança, Mariquinha" (parceria com Miguel Lima), lançado pela RCA Victor.

Já se apresentando com roupas típicas do Nordeste e disposto a dar um ar mais nordestino as suas músicas, Luiz Gonzaga é apresentado pelo maestro Lauro Maia ao advogado cearence Humberto Cavalcanti Teixeira, que passa a colocar letras nas melodias de Gonzagão. Nessa época, a cantora Odaléia Guedes dos Santos, com quem o músico mantinha um relacionamento, já tinha gerado Luiz Gonzaga do Nascimento Junior, o Gonzaguinha.

No ano seguinte, a parceria com Humberto Teixeira lança os seus maiores sucessos como "No Meu Pé de Serra", "Baião", "Asa Branca" e "Juazeiro".

Com a candidatura a deputado federal, Humberto passa a diminuir o ritmo das composições. É a partir daí que entra em cena o compositor e médico José de Souza Dantas. Juntos compõem "Vem Morena" e o "Forro de Mané Vito". Em 1950 é a vez de "Cintura Fina" e "A Volta da Asa Branca", também grandes sucessos.

Já com a alcunha de o Rei do Baião, Gonzagão vive sua época de ouro até 1954, quando surge o crescimento da Bossa Nova. A partir daí, volta a ter destaque somente em 1968 quando Carlos Imperial espalha o boato de que os Beatles tinham gravado a música Asa Branca. Nessa época, com o auge de músicas estrangeiras no país, Gonzagão é lembrado por Caetano Veloso, que grava de Londres a canção Asa Branca.

Até o final de sua vida, Gonzagão seguiu compondo e lançando discos. Na década de 80, com passagens pela Europa, se apresenta pela primeira vez no Teatro Bobino, na França. Na volta, é agraciado pelo prêmio Shell. Nos anos seguintes, afasta-se um pouco das emissoras de tevês e rádios, e passa se apresentar em shows no interior do Brasil.

Uma de suas últimas aparições acontece no teatro Guararapes, no Centro de Convenções no Recife, na qual recebeu homenagens de diversos artistas, inclusive de seu filho, Gonzaguinha.

Luiz Gonzaga morreu no dia 02 de agosto de 1989, no hospital Santa Joana, no Recife, de osteoporose deixando de herança sua cultura nordestina em forma de música para o Brasil.

Contexto Histórico

Luiz Gonzaga fugiu de casa durante a Revolução de 30, época em que acabou se alistando no exército. Em 1934, quando Getúlio Vargas comemorava quatro anos na presidência, o músico estava fechando seu primeiro contrato com a gravadora RCA Victor.

Em 1942, em plena 2ª Guerra Mundial, Gonzagão começa a se tornar conhecido através de seus trabalhos nas rádios do país. A partir daí, ganha o título de "Rei Do Baião", fase em que o gênero vivia sua época de ouro no Brasil.

Em 1956, seu parceiro Humberto Cavalcanti Teixeira, já então Deputado Federal, cria a Lei 1544/56 que controla o número de músicas estrangeiras executadas no país.

Assim como aconteceu com outros ritmos, o baião perde seu fôlego com o avanço da Bossa Nova no Brasil, nos anos 60.

Curiosidades

Primeiro Apelido

Por ter um rosto arredondado e um largo sorriso, Luiz Gonzaga ganhou de Dino, um violista da época, o apelido de Lua - que foi amplamente divulgado por César Alencar e Paulo Gracindo.

Da cabeça aos pés

Foi vendo uma apresentação do catarinense Pedro Raimundo, que se vestia com bombachas, que Gonzagão passou a aderir trajes nordestinos em suas apresentações. Sua marca era o chapéu de couro.

Teste de DNA

Dentre as diversas biografias de Luiz Gonzaga, existe uma lacuna sobre a paternidade de Luiz Gonzaga do Nascimento Junior, o Gonzaguinha. Muitos afirmam que quando o compositor conheceu a cantora Odáleia Guedes, ela já tinha o menino e o músico apenas o registrou com seu nome.

Outros descartam essa hipótese, analisando a clara imagem do homem nordestino, cheio de padrões conservadores, de que dificilmente assumiria um filho de outro e ainda lhe daria o sobrenome. Gonzaguinha faleceu tragicamente num acidente de carro. Apesar das suspeitas, os herdeiros não fizeram questão de realizar um exame de DNA.

No Cinema

Sua música "Asa Branca" foi cantada por Carmen Miranda no filme "Romance Carioca" - Nancy Goes To Rio, em título original, dirigido por Robert Z. Leonard.

Em memória

A música "Morte do Vaqueiro" foi feita em homenagem ao primo de Luiz Gonzaga, Raimundo Jacó, que era vaqueiro e foi assassinado em 1954. A canção deu origem a tradicional Missa do Vaqueiro, que acontece todo ano em Pernambuco.