A Coleção

19 - Jacob do Bandolim

19 - Jacob do Bandolim

Informações Técnicas:

  • Dimensões: 14,4 x 12,9 cm
  • Páginas: 64 páginas
  • Capa: dura e revestida em papel couchê
  • CD: 14 faixas por CD

Veja o repertório:

  1. NOITES CARIOCAS - Jacob do Bandolim (1960)
  2. ASSANHADO - Jacob do Bandolim (1961)
  3. LAMENTOS - Jacob do Bandolim (1951)
  4. FLORAUX - Jacob do Bandolim (1967)
  5. NOSTALGIA - Jacob do Bandolim (1951)
  6. ALVORADA - Jacob do Bandolim (1955)
  7. VASCAÍNO - Jacob do Bandolim (1951)
  8. BOLE-BOLE - Jacob do Bandolim (1951)
  9. DIABINHO MALUCO - Jacob do Bandolim (1956)
  10. A GINGA DO MANÉ - Jacob do Bandolim (1962)
  11. O VOO DA MOSCA - Jacob do Bandolim (1962)
  12. VIBRAÇÕES - Jacob do Bandolim (1967)
  13. INGÊNUO - Jacob do Bandolim (1967)
  14. DOCE DE COCO - Jacob do Bandolim (1951)

O bandolim entrou na vida de Jacob Pick Bittencourt quando tinha apenas 12 anos. Nascido no Rio, no dia 14 de fevereiro de 1918, morador da rua Joaquim Silva, na Lapa, Jacob tinha um vizinho que tocava violino. Logo, sua mãe, a polonesa Raquel Pick, casada com o capixaba Francisco Gomes Bittencourt, comprou um instrumento para o menino. Segundo conta o músico Sérgio Prata, o garoto não se adaptou ao arco do violino, utilizando grampos de cabelo para tocá-lo. Ao ver a situação, uma amiga da família afirmou: "o que esse menino quer é tocar bandolim". Era o primeiro passo para o surgimento do músico e compositor Jacob do Bandolim.

De sua autoria, ao longo de 35 anos de carreira, foram cerca de 100 músicas, a maior parte delas choros, gênero ao qual se dedicou. A primeira apresentação pública, o choro "Aguenta Calunga", de Atílio Grany, ocorreu em 1933, com o grupo Sereno, formado por amigos, na Rádio Guanabara. Mas foi somente no ano seguinte que suas atuações como músico se tornaram mais frequentes. Em 1934, se apresentou no programa Horas Luzo-Brasileiras, da Rádio Educadora, tocando ao lado de cantores de fado portugueses.. Nesse mesmo ano, ganhou um concurso do Programa dos Novos, na Rádio Guanabara, com o choro "Segura Ele", de Pixinguinha, vencendo outros 28 concorrentes com nota máxima.

O prêmio lhe rendeu um contrato com a mesma rádio, onde acompanhava com seu grupo "Jacob e Sua Gente" cantores como Noel Rosa, Ataulfo Alves e Lamartine Babo. Na Rádio Mauá ganhou seu primeiro programa. Mas foi na Rádio Nacional, a partir de 1955, onde ficou famoso e passou mais tempo, até falecer, em 1969, vítima de um infarto. Na época, apresentava o programa Jacob do Bandolim e Seus Discos de Ouro.

Casado desde 1940 com Adylia Freitas, com quem viveu para o resto da vida, teve dois filhos: o jornalista e compositor Sérgio Bittencourt e a dentista Elena. Os trabalhos no rádio não rendiam dinheiro para sustentar a família e ele se tornou escrevente da Justiça do Rio de Janeiro, depois de passar num concurso.

Sua primeira gravação data de 1941, quando acompanhou o cantor Ataulfo Alves nos sambas "Leva Meu Samba", de autoria do próprio Ataulfo, e "Amélia", parceria do cantor com Mário Lago. Em 1942 gravou "Marina", de Dorival Caymmi, acompanhando Nelson Gonçalves.

Gravou o primeiro disco em 1947, no qual tocou "Treme-Treme", choro de sua autoria, e a valsa "Glória", de Bonfíglio de Oliveira, acompanhado pelo grupo César e Seu Conjunto. Nos anos seguintes, gravou outros discos, incluindo músicas de sua autoria, como "Salões Imperiais", "Remelexo", "Feia", "Cabuloso", "Pé de Moleque", "Doce de Coco", "Vascaíno", "Nosso Romance" e "Reminiscências".

"Seu bandolim encantado inundava nossas vidas através dos saraus na generosa casa de Jacarepaguá. Tia Amélia, Pixinguinha, Paulinho da Viola, Clementina, Canhoto da Paraíba, Dino, César Faria, Jonas, Oscar Cáceres, todos e tudo devidamente documentados pelo anfitrião com gravações, partituras e, mais esporadicamente, fotos", conta o amigo e violinista Turíbio Santos em depoimento ao site do Instituto Jacob do Bandolim (www.jacobdobandolim.com.br). Outro que deixou sua impressão sobre o músico foi o produtor musical Hermínio Bello de Carvalho: "Costumo dizer que Pixinguinha é minha música, e que Jacob é meu músico".

No início da década de 50, fez uma homenagem a Ernesto Nazareth e gravou quatro discos interpretando as obras do músico. Em 1953, gravou "Brotinho", baião de autoria do filho Sérgio. A execução da suíte "Retratos", escrita pelo maestro Radamés Gnatalli, foi mais um desafio para carreira de Jacob. Nessa suíte para bandolim, orquestra e conjunto regional, Gnatalli homenageou Chiquinha Gonzaga, com "Corta-Jaca", Pixinguinha ("Carinhoso"), Ernesto Nazareth ("Expansiva") e Anacleto de Medeiros ("Três Estrelinhas"). Jacob se dedicou e estudou profundamente o trabalho do maestro, o que aprimorou cada vez mais sua formação musical, já caracterizada pelo perfeccionismo. "Retratos" foi gravada por ele em 1964.

Um ano antes de morrer, Jacob do Bandolim marcou o fim de sua carreira com um show apresentado no Teatro João Caetano, no Rio, ao lado de Elizeth Cardoso e Zimbo Trio. O show foi gravado ao vivo e resultou em dois LPs lançado pelo Museu da Imagem e do Som (MIS). Em depoimento escrito para o jornal Última Hora, quando do aniversário de 60 anos do músico, o jornalista e compositor Sérgio Bittencourt, filho de Jacob, finalizou o texto com o seguinte depoimento: "Tenho certeza e assumo: não sou nada, porque, de fato, não preciso ser. Me basta ter a certeza inabalável de que nasci do amor, da loucura, da irrealidade e da lucidez de um gênio".

Contexto histórico

Nascido na então Capital federal em meio às mudanças políticas e econômicas que afetavam o Brasil, Jacob do Bandolim dava seus primeiros passos no mundo da música no início da década de 30. Conduzido ao poder por um golpe de Estado, o presidente Getúlio Vargas adotou até 1945 uma política nacionalista de valorização cultural, com forte repressão da censura. A música, assim como as demais expressões artísticas, era patrulhada.

As primeiras gravações de Jacob datam do início década de 40 e foi no rádio que ele sedimentou sua música. Até o fim da vida, comandou programas radiofônicos, destacando o período em que era contratado da Rádio Nacional - emissora estatizada pelo governo de Getúlio Vargas, em 1940. Lá, comandou programas entre 1955 e 1969.

Jacob dedicou a maior parte de sua carreira a fazer um resgate da música brasileira, utilizando o rádio com principal canal de divulgação. O samba e o choro eram seus preferidos. Mesmo com a ascensão da bossa nova e a repressão do Regime Militar, a partir do fim dos anos 50, permaneceu focado no resgate dos estilos musicais que viveram sua época de ouro até o fim da década de 40. Já naquela época, criticava em seus programas a importância que as gravadoras davam aos artistas apenas depois de mortos, lançando coletâneas.

Curiosidades

Coincidência musical

Conforme biografia escrita pelo músico Sérgio Prata no site do Insituto Jacob do Bandolim, o compositor ouviu o primeiro choro quando tinha 13 anos, era "É do que Há", composição de Luiz Americano. Anos depois, Jacob recebeu um cartão de um senhor que se interessou pela forma como tocava o bandolim, o convidando para se apresentar na Rádio Phillips. O tal cartão era do próprio Luiz Americano.

Experiência na TV

Em 1955, foi convidado para promover dois shows para um especial da TV Record, em São Paulo. O programa ao vivo se chamou "Noite dos Choristas". Jacob convidou nomes importantes do choro e reuniu 70 músicos, comandados por Pixinguinha. A apresentação foi um sucesso, resultando numa segunda "Noite dos Choristas", em 1956, que reuniu 133 músicos.

Saraus concorridos

Jacob do Bandolim também era conhecido no meio artístico por promover saraus em sua casa, na rua Comandante Rubens Silva, 52, no bairro de Jacarepaguá. Reunia personalidades da música, da política e da imprensa, a exemplo de Ataulfo Alves, Paulinho da Viola, Hermínio Bello de Carvalho, Dorival Caymmi, Canhoto da Paraíba e Elizeth Cardoso. Também recebeu nesses saraus músicos estrangeiros, como o pianista russo Sergei Dorenski e o violinista uruguaio Oscar Cárceres.

Resgate musical

Seu arquivo pessoal é composto por milhares de peças, entre discos, partituras, fotos, filmes, microfilmes de partituras e matérias jornalísticas, que preservam a história da música popular brasileira. Em 1974, o Museu da Imagem e do Som (MIS) incorporou o arquivo de Jacob ao seu acervo.

Problemas de saúde

O compositor teve dois infartos antes do terceiro e último, no dia 13 de agosto de 1969. Morreu nos braços da esposa Adylia, logo depois de ter chegado de uma visita que fez a Pixinguinha, para acertar a gravação de um disco. A saúde debilitada dos últimos anos era consequência dos seis maços de cigarro que chegava a fumar por dia.